domingo, agosto 29, 2010

Todo bom / Todo mau / Ambivalência

Utilizarei aqui, neste post, a pior psicanalista que conheço (no feminino [no masculino temos Reich]).

Não acredito que o título deixe claro o que quero passar, então, deixem-me desmistificá-lo.

Temos em Klein, duas posições: esquizo-paranóide e depressiva.

Nelas, o sentimento é tido de formas diferentes.

Na paranóide, o que sentimos por alguém é "todo bom" ou "todo mau".

Imaginem uma escala, 0% é todo mau e 100% é todo bom. Nesta posição, esta escala pode ser preenchida com apenas estes 2 valores. Não existe meio termo.

Na depressiva, o sentimento é ambivalente.

Neste caso, imaginem duas escalas independentes, uma de amor e uma de ódio, cada uma pode ser preenchida a bel prazer de 0 a 100%. Dando forma, te amo (30%), te odeio (50%). Tudo junto, ao mesmo tempo, misturado. Sentimentos concomitantes de juízos contraditórios sobre o mesmo objeto.

Como são estados, podemos hora estar em uma posição e hora em outra.

Sabe quando você acha que aquele seu romance é "Tudo De Bom", seus amigos falam "Se cuida que nesse carro tem subwoofer" e então "bang", a realidade te assola e você percebe que viveu uma fantasia? Que nunca foi "tudo de bom" de verdade? Essa é a falha da posição paranóide sobre os sentimentos. Existe uma cisão, não se enxerga a realidade, se enxerga o que se quer enxergar, como diriam "One Winged Angel".

A posição depressiva, com a ambivalência, permite um repertório comportamental muito mais sofisticado, saber amar e odiar ao mesmo tempo, remete-nos ao verdadeiro objetivo deste post. Você se ama totalmente? Se odeia totalmente? Meio-a-meio? Tome cuidado com a resposta, acabei de explicar o "todo".

Existem situações nas quais somos tão onipotentes quanto Deus e situações que somos tão fracos quanto seres humanos, existem outras situações nas quais sabemos nos comportar, não precisando ser nem Deus, nem fraco.

Existem situações, que nos odiamos e situações que nos amamos. Existem comportamentos adequados e déficits comportamentais. Intercalando, existem mesmo nas situações que nos amamos comportamentos deficitários e nas situações que nos odiamos, comportamentos adequados, tanto quanto as outras duas variáveis.

"Me abrindo" para vocês e exteriorizando a culpa, pois não é minha, é de virgo, meu signo!

Me odeio em algumas situações ao analisar o que não é necessário analisar, de remover a naturalidade, de bolar planos, estratégias para chegar a um objetivo. De querer super cumprir tarefas, de não obedecer uma super simplificação. Além de não super simplificar, dificultar o simples. Odeio a quantidade de objetividade introjetada em mim.

Não me entendam errado, não pretendo e nem quero mudar os comportamentos acima 100%, pois como diria Nietzsche "torna-te quem tu és", e esse é quem eu sou.

Quero simplesmente mudar esses comportamentos quando eles são déficits, na minha opinião, um dos assuntos aos quais mais dou valor em minha vida, são cheios de comportamentos fragmentados, cheios de super complicação, repletos de problemas, tornam-se complexos, pois eu os acho complexos, quando na verdade, não são, porém, minha visão é limitada e apesar de tentar me convencer diariamente, não consigo (você se identificou em alguma área da sua vida com o que eu acabei de dizer? Acredito sinceramente que todos temos pelo menos uma área na vida que a identificação com esta frase torna-se real).

É fácil na teoria dizermos, simplifique, quando é necessária a modificação do comportamento, se corre, se foge, se é reforçado, enraiza, não progride, e voltamos para um dos tópicos, nos vitimizamos, culpamos o outro, afinal, não sou eu, é virgo.

Tem gente que vai querer me bater, mas pouco me importo, Gabriel, o Pensador outrora escreveu:
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente

De fato, modifique a relação com o ambiente, pois ao modificar, o comportamento se transforma.

Em teoria, a frase é muito boa, mas me responda, quão fácil é mudar? Num "estalo mental" podemos simplesmente parar de obedecer a nossas próprias auto-regras? Se fosse assim tão fácil, seríamos ainda mais metamorfos.

Cansei deste post. E você? Se pudesse mudar seus comportamentos? Quais seriam as situações? Ou, existem comportamentos que devem ser eliminados 100% de você?

Pense e mude, gradualmente, até que, subitamente.

Ah, tomem nota!
1 - Eu sou comportamental puro, qualquer erro psicanalítico, me perdoem
2 - O foco (cada vez mais percebo que não deveria usar a palavra foco e sim "objetivo") do post é explicar o todo bom / todo mau / ambivalência e não os estados ou qualquer outra parte da teoria Kleiniana

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