quinta-feira, julho 28, 2011

As dez Ferramentas do Mestre Sagan para Detectar Balela

O Sagan em um "Um mundo assombrado por demônios" sugeriu algumas "ferramentas para detectar mentiras raciocinar de forma cética". Logo abaixo dos pontos, uma contribuição minha acerca do pensamento do Sagan. Obviamente sei que não carrego um pífio do conhecimento dele.

1.    Sempre quando possível, deverá haver confirmação independente dos “fatos”.


Neste ponto ele basicamente diz "Fui queimado pelo dragão na minha garagem" (fato), porém, ainda necessita de uma confirmação.

 2.    Encoraje debates sobre  evidências, debates estes consistentes e por proponentes informados sobre todos os pontos de vista.
Debates sem evidências possuem normalmente uma pontuação final e para esta ser justificada, basta que eu inventar o que eu quiser para explicar. Por exemplo, posso dizer que Deus criou o universo ao peidar enquanto jogava Texas Hold'em com Satanás. O fim é explicado a partir de qualquer começo, mas a explicação tem que partir do começo para o fim, não o contrário.

3.    Argumentos partindo de autoridades têm pouco peso—”autoridades” cometeram erros no passado.  E, os cometerão novamente no futuro.  Talvez uma forma melhor de dizer isto é que nas ciências não há autoridades; no máximo, há pessoas bem informadas [experts].

Esta é a humildade da ciência, não prova nada como unânime ou ulteriormente verdadeiro e inquestionável. Pelo contrário, toda afirmação deve ser testada, replicada, retestada, dessa forma, avançamos.

4.    Explore mais que uma hipótese.  Se houver algo a ser explicado, pense em todas as formas diferentes nas quais isto poderia ser explicado.  Então pense em testes pelos quais poderia sistematicamente provar como errada cada uma das hipóteses.  A que sobrevive, a hipótese que não puder ser negada nesta seleção darwiniana entre “hipóteses múltiplas de trabalho”, tem uma chance muito maior de ser a resposta certa do que se você tivesse simplesmente agarrado a primeira idéia que provocou seu interesse.
Basicamente é "ataque sua hipótese sem dó", quanto mais falsificada ela for, maior chance tem de permanecer em pé. Pois, se você não o fizer, outros farão.

5.    Tente não ficar fixado demais a uma hipótese somente porque é a sua.  É somente um ponto de partida na busca de conhecimento.  Pergunte a você mesmo porque gosta da idéia.  Compare-a de forma justa com as alternativas.  Veja se você poderá encontrar razões para rejeitá-la.  Se você não as encontrar, outros encontrarão.

6.    Quantifique.  Se o que estiver explicando tiver alguma medida, alguma quantidade numérica a ele ligado, você estará bem mais equipado para discriminar entre hipóteses concorrentes.  O que for vago e qualitativo fica aberto a muitas explicações.  É claro, existem verdades em muitos assuntos qualitativos que somos obrigados a confrontar, mas se puder quantificar é mais desafiador.
Quanto mais quantificável, maior a probabilidade de ser tido como verdadeiro, pelo simples motivo de sua testabilidade. Assuntos qualitativos (como a minha própria profissão - Psicologia) se enredam em explicações pouco convincentes, tais como o Ego, ID... Édipo... Seio bom, seio mal... Energia Orgônica... Etc.

7.    Se houver uma cadeia de argumentos, cada elo na cadeia deverá funcionar (incluindo a premissa)—não somente a maioria deles.
O argumento transcedental da existência de Deus do Matt Slick é um exemplo disto, possui diversas argumentações e premissas, porém, nem todas são verdadeiras. Caindo na falácia.

8.    Lâmina de Occam.  Esta regra conveniente nos encoraja a, quando encararmos duas hipóteses que explicam os dados igualmente bem, escolher a mais simples.
2+2=4 ou 4x5/5=4, qual você escolhe?

9.    Sempre pergunte se a hipótese poderá ser, pelo menos em princípio, falsificada.  Proposições que não são testáveis, que não poderão ser provadas como falsas, não valem muito.  Considere a grande idéia de que nosso Universo e tudo nele é somente uma particula elementar—um elétron, digamos—num Cosmo muito maior.  Mas se nós não pudermos nunca adquirir informações de fora do nosso Universo, não é esta idéia incapaz de ser comprovada como falsa?  Você tem que poder verificar suas afirmações.  A céticos inveterados deve ser dado a chance de seguir seu raciocínio, e de duplicar suas experiências, para ver se conseguem o mesmo resultado.
Como já citei a falsificação aqui, hipóteses que não podem ser testadas não tem valor, imagine, como você vai desprova que Deus criou o universo ao peidar? Não consegue? Então é verdade? Aqui temos uma posição mais pragmatista, é na prática que acontece. No que adianta dizer que Deus criou o universo? Na prática, influencia no que em sua vida?

10.    A chave é a dependência de experiências cuidadosamente projetadas e controladas.  Não aprenderemos muito com a mera contemplação.  É tentador ficar contente com a primeira explicação candidata que vem à mente.  Uma é muito melhor que nenhuma.  Mas o que ocorre se pudermos inventar várias?  Como decidirmos entre elas?  Não o façamos.  Deixemos que a experimentação o faça..
Quase choro ao ler isto. Vem novamente, a explicação que tenta explicar o fim de algo é sempre tendenciosa, pois já sabemos como vai acabar. Fácil demais fazer asserções falsas de como chegamos aqui, basta tomarmos o cuidado suficiente dessas assserções não terem a oportunidade de serem testáveis, a partir deste momento, tudo que eu disser (que não é falsificável - portanto não tem muito valor) explica. Mas no sentido prático, explica o que? No que isso interfere a minha vida? E as outras demais explicações que meus amigos inventaram que vão contra o que eu digo. Uma vez assisti a uma palestra na qual o palestrante disse "A teoria do eu não ajuda muita gente". Normalmente, a teoria do eu além de não ajudar, tende a ser falsa, pois não seria do 'eu' se mais pessoas compartilhassem essa ideia. Se apenas um cientista falasse que a terra é redonda e toda a outra massa falasse que é plana, qual é a verdade provável? Provavelmente a massa de cientistas não aceitariam a terra redonda, não por não gostar da teoria do cara, mas por falseá-la. Portanto, sem a possibilidade de falsificação sua validade é quase nenhuma.

O interessante destes 10 pontos do Mestre Sagan é que eles são interdependentes, muito do que você pensa em um, aparece no outro e vice-versa. Muito interessante.

Tenho a intenção de mais uma publicação, entitulado o "Um manifesto do Ceticismo". em breve. Espero.

quarta-feira, julho 27, 2011

Ateísmo

Com enorme frequência eu converso com pessoas e elas me informam que:

Ser ateu é minha religião
Para ser ateu, precisa de uma quantidade igual ou até maior de fé do que para ser religioso

Em geral, eu vejo uma falsa concepção acerca do 'ser ateu', do ateísmo.

Comumente, o ateísmo é conhecido como "Acreditar que Deus não existe". Esta concepção de ateísmo é tão falsa quanto eu assertar que gosto de pagode.

Ateísmo não é, nunca foi e nem será "Acreditar" que Deus não existe.

Ateísmo é a ausência de crença sobre qualquer ser sobrenatural. É fácil de identificar isto, pois, A - teísmo, ou seja, da própria etimologia da palavra tiramos seu significado. Ateus são descrentes de Deus e não crentes de que ele não existe. Pode parecer um pequeno jogo de palavras, mas faz toda a diferença.

Estamos preparados agora para seguirmos em relação aos meus apontamentos supracitados.

Ser ateu é a minha religião. Sinceramente, acredito que crentes esquecem até o que é religião nestas horas, de tanto desespero. Mas, para refutar da forma mais simples possível, o significado da palavra religião: do latim: religare, significando religação com o divino. Nós temos uma ausência de crença a qualquer ser sobrenatural. Portanto inexiste a possibilidade de nos religarmos com algo.

Em relação a segunda posição, na qual eu preciso ter mais fé do que religiosos, ela também não convence. Notem que ateus partem de um pressuposto de rejeitar verdades até que elas encontrem evidências, provas de que o que está sendo acusado como real, é real*. Portanto, posso dizer que tenho expectativas sobre o que é verdadeiro baseando-me nas evidências que são me passadas. Por exemplo, a evolução das espécies e biogênese.

Cientistas em geral, quando não sabem uma coisa, dizem não saber. Provar que a ciência está errada não prova Deus. Muito menos o SEU Deus.

A única coisa que prova Deus, é provar Deus, e não refutar quaisquer outras teorias para falar que a sua é a única válida, pois no assunto de Deus, existem tantos que, como saber que o seu é o Deus verdadeiro? Por que não acreditar em Vishnu?

*não vamos entrar em uma discussão aqui sobre o que é real. Usemos o senso comum mesmo, tudo bem?