segunda-feira, outubro 11, 2010

Meu tão querido sossego

Passei o ano reclamando, e, de repente, um solavanco de sossego me acertou uma de direita em cheio, como uma calmaria após a tempestade, encontrei meu tão querido sossego.

Não tenho do que reclamar, quando isto acontece sinto meu cérebro atrofiando, as sinapses não mais são realizadas, em poucas palavras, existe uma diminuição significativa na minha habilidade discursiva. Logo após ter escrito isso, vi que não é verdade, a minha habilidade continua em pé, a diferença é que não discuto tanto, para continuar com minha homeostase.

Eu tenho uma teoria, que logo após conversar com a minha coordenadora Sofia, teve de ser revista, me trazendo uma evolução na mesma.

O nome foi dado enquanto estava digitando e é a Teoria da Solidão.

A história dessa teoria parte da minha querida Xu (para entender melhor tem um post para ela), basicamente ela diz que sonha em viver sozinha e quer incessantemente realizá-la.

Temos nessa teoria dois polos, um é identificado como o (obrigado Piaget) desequilibrador (DE) e o outro como equilibrador (E), o sujeito fica entre os polos. Para a Xu, o que desequilibra são os outros, então ela penderia para o lado DE, quando ela está desequilibrada ela precisa de um outro sujeito para fazê-la voltar para o lado E.

Na teoria que eu inventei pensando nela, se eu elimino o DE eu também consigo eliminar o E, dessa forma, posso pacificamente viver sozinho. Se eu não tenho ninguém para me desequilibrar, não preciso de alguém para me equilibrar, pois sozinho consigo a homeostase.

Essa teoria estava fechada até a minha conversa com a Sofia, na qual refleti e cheguei a uma evolução positiva.

Nesta evolução da Teoria da Solidão, ao qual o nome não pode mais ser este e deve agora ser, pensei durante 1 minuto e não cheguei a lugar algum, então fica sem nome, mas poderia ser algo como Teoria da Exclusão do Negativo ou Teoria do Manter o Positivo ou Agregador.

Neste ainda temos o DE e o E, só que a diferença é no lugar de excluirmos DE e E, excluímos apenas o DE. Notem, dessa forma, mantemos a parte boa, a parte aproveitável. Em suma o que eu digo é remova tudo que só te faz mal da sua vida.

O revés dessa teoria é o seguinte, E não é só E toda a parte do tempo, E também é DE (quem nunca brigou com amigo, namorada, família?), então você teria vários Es que funcionariam de vez em quando como DEs que fariam com que você necessita-se de outros Es, caindo exatamente no mesmo lugar que a Xu reclama, na escolha, acredito que ela manteria a Teoria da Solidão.

Como aprendizagem ao escrever e espero que também para quem leia é, existem sujeitos que só te causam mal, tão logo remova-os da sua vida, se algo apenas lhe causa desequilíbrio, existe motivo de ficar ao lado desse DE?

Quanto mais eu digito sobre isto, mais vejo que o assunto se estende a campos muito mais amplos e num post de blog não consiguirei terminar.

O que eu tiro de conclusão disto é que, alcancei o meu sossego, ele me faz bem, mas não pretendo mantê-lo, se possível agora quero escolher minhas próximas brigas, brigas com as quais gostarei de não ter homeostase, brigas que farão eu correr atrás com gosto, alcançar resultados com falta de sossego, mas uma falta de sossego positiva, diferente das que as contingências da vida me ofereceram neste ano.

Um brinde a minha paz.

Obrigado a todos que colaboraram para torná-la possível.

3 comentários:

JoBronze disse...

Querido, post sensacional, um dos melhores que já li aqui.

Não acredito que podemos viver sozinhos, em nenhum sentido. Quando encontramos estes E's, percebemos o quanto aprendemos, crescemos e dependemos destas relações sociais, e como isso é bom!

Quando aprendemos a eliminar estes DE'S, aí sim as coisas progridem, e é possível atingir este estado de paz... Às vezes, recusamos a aceitar que certas pessoas são DE'S, por orgulho ou por medo.

Ao ser questionado sobre porque o homem é um ser social, Skinner simplesmente disse: Um organismo é importante para o outro como parte de seu ambiente. E ainda afirmou que a maioria dos reforços não pode ser descrito sem a presença do outro organismo.
Ah, e como estes reforçadores são necessários e desejáveis =), inclusive estas "brigas escolhidas" que, "egoísticamente" falando, nos fazem crescer absurdamente.

Beijo beijo!

Bruna disse...

a Teoria faz bastante sentido...uma pena sermos desequilibrados naturalmente. Há sempre uma falta (sim, tenho ctz de que nisso-pelo menos nisso- o Freud acertou), e por nunca estarmos satisfeitos (até mesmo com a paz) vivemos errantes, bagunçando o que se está organizado, desequilibrando o estável.
E é isso que dá sentido à nossa existência.

Jordana (xu) disse...

Ah, eu é que quero encontrar meu querido sossego, também passei o ano reclamando...
Aliás, acho que passei a década reclamando... eu só sei reclamar... haha!
Estou pensando em algumas possibilidades que possam me ajudar a ter equilíbrio, como: passear no bosque enquanto “Seu Lobo” não vem... porque certamente este iria me irritar e consequentemente causar um desequilíbrio, rs...
Tá, falando sério – passear num campo seria legal, sozinha: melhor ainda! Assim aprecio mais a paisagem, e não me preocupo em ficar conversando e tal...
Quase sempre tenho que procurar o equilíbrio sozinha, e isso é foda o_o ainda mais que parece ter sempre alguém incomodando e dificultando tal processo. Portanto tenho que aprender a lidar com vários desiquilibradores, procurar sozinha a homeostase, sem ajuda de um equilibrador.
Se estivesse sozinha não teria o DE e nem os E. Portanto a homeostase seria sempre contínua, até um objeto me irritar, mas objetos são só objetos, você pode quebrar e tal...
Mas quebrar pessoas pode gerar processos, em qualquer situação você sempre sai em desvantagem, mas acredito que esta última seja pior. Enfim, concluo que é preferível a solidão ao stress. :)

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