quinta-feira, dezembro 16, 2010

Pareamento de Estímulos

Não sei se é bem “pareamento de estímulos”, acho que sim.

Antes de tudo, vocês precisam necessariamente assistir ao vídeo abaixo até os 29 segundos.

29 segundos, PAUSEM nos 29 segundos, se não estraga o tópico todo.



Essa música do nada começou a tocar no meu celular*, estava no ônibus e ao ouvir os primeiros 29 segundos pensei “hmm... muito legal, é bem o estilo de música que eu gosto, vocal feminino, batida de leve por baixo...” de repente, toquem aqui o vídeo até 1min12seg.

Minha cara foi com certeza, pior que a de vocês, uma cara de “Puta que pariu, que PORRA é essa” impagável. Eu voltei a música e novamente a ouvi até os trinta segundos e tirei.

Outro dia eu estava ouvindo novamente ao meu celular e começa a tocar de novo essa música, dessa vez, eu ouvi a música inteira pela primeira vez.

Agora assistam o vídeo até 1min32seg e prestem muita atenção, tem uma sacada nessa parte, talvez vocês tenham de voltar aqui novamente mais tarde, quando eu for explicar.

O vídeo até 2min34seg não traz nenhuma novidade, dali até o final do vídeo era o que eu queria comentar, que foi bem suavemente inputado entre a segunda e a terceira vez na qual o refrão é repetido.

Agora vocês já viram o vídeo e já tem o que é necessário para entender o que estou chamando de pareamento de estímulos e explicando também o porquê de eu gostar dessa música hoje em dia (o que não é tão surpreendente assim, pois eu até gosto de duas músicas do Eminem).

O começo da música é o estímulo que starta a bagaça toda, é muito bom, a voz era muito boa (hoje sei que a vocalista do Paramore, até que canta bem a menina!), daí vem o rap e eu “ave maria” e tiro da música.

Numa segunda oportunidade eu deixo a música rodar inteira e aqui está a grande sacada no pareamento, na segunda e na terceira vez que o refrão é repetido, a voz do rapper é colocada junto a voz da Hayley e, muito mais grosseiramente, no final da música elas são pareadíssimas e o estímulo passa a operar de forma diferente no seu cérebro.

Na terceira vez que ouvi a música, já ouvi com menos surpresa (outro fator muito importante).

Na quarta, quinta, sexta... décima, fui me habituando a voz do rapper.

Na décima primeira estava cantando junto.

Agora, já imaginaram fazer isso com outras coisas? Um exemplo bem grosseiro.

Tal pessoa gosta de chocolate, eu dou chocolate para uma pessoa e no chocolate tem uma foto minha, uma mensagem minha algo que remeta a minha pessoa. Eu faço isso 30 vezes. O pareamento funciona a por determinado período de tempo, a pessoa, ao ver chocolate, vai lembrar-se de mim e vice-versa, ao me ver, vai lembrar de chocolate.

Chocolate elicia “coisas boas” então, pode ser que a pessoa passe a gostar mais de você.

Sim, o exemplo é rudimentar, foi a primeira ideia que “pulou” na minha cabeça.

É isso ae, me sinto na obrigação em dizer que as duas músicas que eu gosto do Eminem são: Stan (que também possui vocal feminino, estranho não é não?) e When I’m Gone (essa simplesmente a letra é demais).

* Descobri mais tarde que essa música veio de Forquilha-Ceará junto com duas músicas da Maria Betânia e 1gb de arquivos sobre behaviorismo.

domingo, dezembro 12, 2010

Títulos na Psicologia

*Sempre que eu escrever behaviorista/behaviorismo, estarei falando do behaviorismo radical.

Taí uma das milhares de coisas que eu não entendo, tem gente que diz ser "behaviorista" e tem gente que diz ser "analista do comportamento", são estas duas nomenclaturas sinônimas?

Me digam também, quais são as premissas para que as pessoas possam bater no peito e dizer (normalmente com demasiado orgulho) "Sou um analista do comportamento" e/ou "Sou um Behaviorista"?

Se tomarmos como sinônimos os termos utilizados e levarmos em consideração a palavra "Analista", posso concluir (com base em achismo) que é um título dado a alguém que possui pelo menos uma especialização (Lato Sensu) nesta área do conhecimento.

Para ter um Lato Sensu em algo, como premissa existe a necessidade da formação de terceiro grau.

Já vi uma pessoa apresentando outra com os seguintes dizeres: Entrevistarei hoje o Sr. X, analista do comportamento com experiência em tratamento (o que também já está errado) de autistas.

Eu conheço esse suposto "analista do comportamento" e digo, o rapaz é estudante de Psicologia, como ele poderia ser um analista do comportamento?

Se você perguntar a um estudante de Psicologia: "você é Psicólogo?" exemplos de respostas corretas seriam: ainda não; um dia serei; não etc. Você não espera um "sim", pois está claro que "Psicólogo" é um título dado a quem tem a formação em Psicologia, mas, e um behaviorista?

Se você não é um Psicólogo, como pode dizer que és um analista do comportamento? Alguma coisa está errada.

Terminei o curso de Psicologia, posso agora me denominar "Psicólogo" e com isso, posso dizer que sou, psicanalista, analista do comportamento, gestaltista, psicoterapeuta, sistêmico etc.

Lembrei de um tipo bem comum de perguntas de provas e vou fazer o uso aqui. Tomando como base a frase acima, qual está correta?

A - A primeira afirmação é verdadeira e a segunda complementa a primeira
B - Ambas são falsas
C - A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa
D - A primeira afirmação é verdadeira e a segunda não complementa a primeira

Acertou quem escolheu a C na minha opinião.

Mas e se um psicólogo sem Lato Sensu atendesse a uma pessoa fazendo a utilização dos princípios da análise do comportamento, não seria ele um analista do comportamento?

Aqui entra a dicotomização das palavras "analista do comportamento" e "behaviorista".

Behaviorismo é a filosofia da ciência da análise do comportamento.

Behaviorismo, portanto, é uma posição filosófica e para tal, não necessita nenhuma formação prévia, o que se precisa é conhecimento da filosofia seguida (achismo).

Um psicólogo que atende nas bases do behaviorismo pode ser então um (na minha opinião) psicólogo behaviorista, ou seja, sua investigação se baseia na filosofia da ciência da análise do comportamento, não necessariamente ele é um analista do comportamento (sim, no começo eu as utilizei como sinônimos para engrenar melhor o post).

Gostaria muito de ter definições bem claras de onde começam e onde terminam estas nomenclaturas e títulos.

Algo extremamente pessoal, vocês já participaram daquelas conversas que vão mais ou menos assim?

"Eu sou psicólogo, ela que é economista, pergunta pra ela"
"Eu sou formado em blablabla" < note, ninguém perguntou.

Odeio essas conversinhas de auto-afirmação.

sábado, dezembro 11, 2010

Overload

Mais uma teoria que pretendo apresentar aqui, mas esta pretendo levar a sério, vamos ver se consigo.

Obviamente seu início será tão dualista e cheia de achismos quanto eu precisar que seja, tentarei o quanto antes trazê-la ao lado monista, quanto ao achismo, continuará sendo, afinal, precisaria fazer pesquisas. Será um grande desafio, tanto por que, não sei nem de onde estou partindo. Deixe as ideias fluírem e questione, sempre.

Imaginem quatro estímulos desagradáveis, não conseguem? Eu ajudo.

1 – Você ao passar a catraca no ônibus nota que vai ser a primeira pessoa a ficar em pé (puta saco quando isso acontece, não?).

2 – Você ao ver seu irmão bebendo suco, abre a geladeira no frenesi de beber suco e percebe que aquele era o “último copo de suco”.

3 – Ao estar saindo de casa sua mãe fala “faz isso aqui pra mim” (algo que leva 1min), você faz de “boa fé” e sai, ao chegar ao ponto, o ônibus acabara de passar, você até o vê dando tchau na sua imaginação.

4 – Você compra um produto pelo Mercado Livre e é engambelado.

Aqui, para os que entendem inglês, já devem ter delineado algo de onde pretendo chegar.

Imaginem, que em um dia, tenha acontecido um dos estímulos acima, apenas um. No dia seguinte, aconteceu outro destes estímulos, e assim até que em quatro dias os quatro estímulos tenham ocorrido.

Agora imaginem que em dois dias os quatro estímulos aconteceram.

Por último e concluindo, imaginem que em apenas um dia, todos os estímulos tenham acontecido.

As reações, respectivamente, seriam: tudo bem, acontece; poots grila, quanto azar; e Caralho, Vai Tomar no Olho do Cu Filho de Uma Puta.

Claro que cada organismo responde de uma forma, queria apenas demonstrar o crescente nível de “nervosismo”.

Apresento então a teoria do “Overload” (do inglês, “Sobrecarga”).

É bem do senso comum mesmo e todos irão se identificar com isto aqui, lembrando de quase todos os dias de suas próprias vidas.

Mas será que alguém já pensou em sistematizá-la?

Poderíamos dar níveis para as situações, por exemplo, ser engambelado no Mercado Livre por um produto de 2mil reais e por um produto de 50 reais é completamente diferente.

Você conhece o seu próprio limiar? Como você se comporta no seu limiar? E quando estoura o limiar?

Estou fazendo as perguntas erradas, eu sei. Estou aberto a sugestões.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Perdão

Recentemente algumas pessoas (inclusive pessoas que visitam o blog) vieram me pedir essa palavrinha infernal “perdão” (e suas variáveis), portanto, resolvi blogá-la.

Tentarei aqui, dar minha opinião sobre a palavra.

Todo pedido de perdão envolve duas partes, a parte que pede perdão e a parte que decide sobre o perdão.

Falando sobre a primeira parte, que é mais fácil, por que pedimos perdão? O pedido do perdão sucede um comportamento que você julga inadequado e suas funções são: eliminar o seu mal estar; e restabelecer a relação.  

Falando sobre a segunda parte, entende-se por perdoar a cessão absoluta de ressentimentos para quaisquer ações.

Se alguém lhe pede perdão e você não consegue cessar o ressentimento pelo comportamento a ser perdoado, você não conseguirá perdoar. Enquanto houver ressentimento não será possível restabelecer a relação.

Por isso, alguns perdões necessariamente precisam de tempo. Quanto mais grave o comportamento (levando em conta a subjetividade da pessoa), mais tempo levará para ser perdoado.

É difícil perdoar (deixar de ressentir) alguns comportamentos momentos depois deles terem acontecido.

Dentre as engenhosas funções do cérebro, neste ponto, ressalto que acabamos diminuindo a vivacidade das coisas, isto torna o perdão possível. Conforme o tempo passa, tendemos a nos adaptarmos e com isto, tornamos o perdão possível.

Tentei ao máximo trazer apenas a lógica aqui, sem em momento algum, exemplificar concretamente.

Ciência x Fé x Humildade x Arrogância

Antes de tudo um adendo, obviamente, antes de fazer estes posts, eu dou uma lida em alguns sites sobre o que vou escrever para ter propriedade, coerência e consistência na escrita.

Quando eu disser Fé, neste post, entenda-se no seu sentido mais geral (que deveria, inclusive, ser o único).

Do Wikipédia mesmo: Fé (do Latim fides, fidelidade e do Grego pistia) é a firme convicção de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão.

Posso inferir aqui que boa parte das religiões fazem o uso deste artifício. Portanto entendam que quando eu disser fé, na maioria das vezes, poderia estar falando na verdade, fé e religião.

Por outro lado, totalmente oposto ao acima citado, temos a ciência, também do Wikipédia, para não dizerem sobre fontes diferentes: No seu sentido mais amplo, ciência (do Latim scientia, significando "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática. Num sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa.

Vejamos então o exemplo supremo, no qual grande parte das religiões tem seu alicerce montado, a origem do universo.

A posição mais aceita dentro da ciência sobre a origem do universo é o chamado “Big Bang” que muito simplificado significa toda a matéria e energia que hoje é o universo consolidada em um ponto quase infinitesimal que expandiu e até hoje vem se expandindo. Isto ocorreu há aproximadamente 14 bilhões de anos.

Para explicar a gênese do universo no item fé, vou pegar o exemplo da bíblia.  Existem alguns outros tipos de fé que não vão de encontro com a bíblia sobre este assunto, porém se a crença parte de fé, então posso dizer que se baseiam em falta de evidências.

Gênesis 1:1 - No princípio criou Deus os céus e a terra.

Em outro tópico, trarei constatações sobre a origem do universo do Deus acima, mas agora não é hora.

Digamos que um cientista chega e desfaz a teoria do Big-Bang falsificando-a e apresentando uma nova teoria muito mais plausível para a origem do universo, esta mesma teoria entra em desacordo com a criação Divina do universo.

Adentramos aqui então, a humildade científica e a inexistência da humildade bíblica.

A posição dos cientistas seria algo parecido a tentar ao máximo falsificá-la, usando lógica, evidências e racionalidade para provar que esta teoria é inverossímil, caso esta teoria sobreviva a todos estas tentativas de falsificação, ela se torna “a melhor teoria atual” fazendo com que os cientistas deixem de lado as demais e tomem como base esta, que está acima da anterior.

A posição, pelo que vejo, dos religiosos, seriam duas:

A primeira seria negar, negar, negar e negar mais um pouco, falando que “não tem nada a ver”, pois quem criou foi Deus e “essa teoria aí ta errada”, alguns na tentativa de demonstrar um pouco mais de "inteligência" sem se dar conta que na verdade são muito mais ignorantes diriam que “é só uma teoria, então não é verdade” (assunto até para um novo tópico).

A segunda seria fazer a bíblia se adaptar a esta nova concepção, o que não deve ser difícil, aquele livro com mais de 1500 páginas e passagens que dão margem para serem interpretadas das mais diversas formas (sem tirar quando colocam a culpa na tradução). Muitos cristãos fazem questão de que fé e ciência andem lado a lado, então tentam em uma tentativa desesperada pegar recortes da bíblia para fazê-la científica (o que eu não entendo também, pois se precisa de fé, não precisa se provar nada).

Podemos notar então certa humildade da ciência em se adequar a nova teoria que acaba de surgir, mas a religião não, ela com escritas com mais de um milênio paralisada são de fato o que aconteceu.

É arrogante demais de tais adoradores da bíblia dizerem que algo é como é sem a menor evidência de que algo é como é.

A arrogância científica vem de outra forma (claro que ela existe), ela é arrogante pois se prova ser a forma mais adequada a responder questões, sempre duvidando, sendo cético, usando racionalidade, saindo do campo romântico, adentrando a realidade como ela é, fria e cruel. Quando a ciência se posiciona frente alguma questão ela traz necessariamente argumentos, esta é a arrogância científica.

Backstage – Dificuldades para a conclusão do tópico

Quando comecei este tópico, o título no lugar de “Fé” era “Religião”, mas percebi que existem religiões que não necessariamente estão vinculadas a “Fé” (parece brincadeira, mas não é). Vou fazer qualquer dia um tópico para explanar a etimologia de algumas palavras.

Depois mudei Fé para Bíblia, mas daí percebi que era mais fácil adequar o tópico que o título e voltei para Fé.

Usar um exemplo de fé universal sobre a criação do universo não existe, então resolvi usar a bíblia, levando em consideração que se parte de fé, então qualquer outro tipo de explicação para a origem do universo poderia ser colocado no lugar do exemplo citado.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Emoção x Razão

Deixem-me contar uma história que acaba de acontecer. Sei muito bem que ao final da história, parecerei ser um monstro, ou pior, um analista do comportamento 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Minha mãe foi ao mercado (desses de bairro mesmo) e no mesmo se encontra uma atendente/empacotadora que tem aproximadamente 40 anos, acima do peso, negra, com um “Black Power” mal cuidado e mal vestida.

Esta mulher adora atender minha mãe e quando a vê, não faltam artifícios para chamar minha mãe de velha (minha mãe tem menos de 50 anos e modéstia a parte aparenta ter no máximo 35).

Hoje não foi diferente, minha mãe foi fazer compras e se deparou com esta mulher no caixa, empacotando a compra que acabara de fazer e que comecem as ofensas, foi algo do tipo:

A – Atendente – M – Mãe

M: Esqueci meu celular na lotérica, ando muito esquecida
A: É que você está velha
M: Você acha mesmo que eu estou velha (e diz o nome da mulher)?
A: Acho sim

Ao chegar em casa (cheguei antes dos meus irmãos em casa), minha mãe me pergunta:

M: você como psicólogo, o que acha da mulher que faz isso, você acha que ela é invejosa? Mal amada?

Eu respondo à minha mãe que não posso responder esta pergunta, que poderíamos levantar milhões de hipóteses e que se alguém na posição de psicólogo respondesse a ela isto, que ele poderia pegar seu diploma e queimar.

Fiz poucas perguntas, levando em consideração a análise do comportamento e a orientei, algo do tipo:

D – eu

D: Mãe, ela faz isto faz tempo?
M: Sim... faz tempo
D: Algum dia a senhora disse pra ela que não gostava desses comportamentos dela?
M: Não
D: Fala com ela, chega nela e diga “olha, não gosto de você falando sobre tal tal e tal coisa, será que você poderia parar?”, se isto não der certo, fala com o gerente, em último caso, sempre existe o vai tomar no cu.
D: Ela pode dizer isso, saber que a senhora se sente mal e então continuar fazendo, pois sabe que a senhora se sente mal, conversa com ela...

Até aí, minha mãe ouviu o que eu tinha dito, pra mim, a análise tinha dado efeito pois:

1 – Tinha feito minha mãe entender que TALVEZ a mulher não soubesse que estava se comportando de forma a machucá-la, inferir que É para machucá-la é um erro.

2 – De forma racional tinha feito minha mãe entender que o comportamento verbal (explicitar a ela) resolveria o assunto.

Comida na mesa, comecei a jantar e chega meu irmão mais velho, minha mãe, neste momento estava de óculos (nunca havia visto isto, mas indicava claramente que estava chorando), meu irmão pergunta para ela o que aconteceu, ela não responde, eu também não falo nada, sinceramente, achei extremamente improvável que ela estivesse chorando pelo ocorrido (de A chamá-la de velha).

Chega então minha irmã e diz o mesmo para minha mãe, só que minha irmã, muito mais persuasiva tira da minha mãe o que a mulher fez (na hora que ela disse o por que de estar chorando, sinceramente achei que fosse “saída pela tangente” e que estava usando o ocorrido para se safar de algum problema “de verdade”).

Minha mãe, ao contar para a minha irmã, faz minha irmã como um jato sair correndo falando que vai até o mercado reclamar com o gerente e bla bla bla. Meu irmão, 2 minutos depois sai atrás também, eu que havia acabado de jantar, fiquei. Alguns minutos se passam e chega um amigo meu em casa, na hora eu falo, “vamos” e ele sem saber de nada me acompanha até o mercado com o carro. O mercado fechado, volto e me deparo com a família toda.

Aqui, não vou conseguir resgatar muito, apesar de ter acabado de acontecer, foram tantas as gritarias, berros e vai toma no seu cu que fragilizaram a memória.

S – minha irmã – T – meu irmão

D: Foram até o mercado?
T: Fomos
S: O Fernando (eu) e eu vamos todos os dias das férias la comprar bolacha e ficar reclamando com ela
D: Ahn? Tu ta falando disso por que ela falou tal coisa da minha mãe? E se ela não sabe que machuca minha mãe falar isso?
S: Como não sabe? TEM que saber...
D: Acho que ela pode não saber, acho melhor falar com ela antes...
S: Falamos com o gerente
D: Falaram com o gerente? Ave, não tem boca usa arma?
S: Que? Que que você ta falando? A mulher tem que saber que não pode tratar assim os clientes
D: É, aí você faz isso e ela não perde o emprego, o que acontece então?
S: Eu vou lá e encho a mulher de tapa, ver minha mãe chorando por causa dessa mulher não vai acontecer
T: Ave Fernando, você acha que ela não perde o emprego se a gente chegar la e sair falando para todos a forma que ela trata minha mãe? Aí você é muito (não lembro o adjetivo, mas era ofensivo)
Meu amigo interrompe aqui e diz “Já quer sair dando tapa na mulher ahahahah”
D: Talvez ela não saiba, ela fala assim com a minha mãe faz tempo, minha mãe mesmo disse isso, como que você infere que ela sabe disso?
S: Por que ela é atendente, ela tem que saber atender e que isso não se faz, quando eu era atendente, eu não fazia isso
T: (interrompe e diz) Isso se chama bom-senso
D: Mas minha mãe nunca disse pra ela que a incomoda, como ela vai saber?
S: Se eu não soubesse quando eu era atendente, eu seria mandada embora, se ela não sabe, problema dela
D: Daí você sai falando com o mais alto..

Gente, aqui, era só gritaria em casa viu

S: Mais alto? Você ta louco?
D: Sim, mais alto, gerente é hierarquicamente “mais alto” que a atendente. Por que você não esperou até amanhã para falar com a mulher?
S: Por que minha mãe tá chorando hoje, não vou esperar porra nenhuma
D: E laia imediatismo...
S: E você fez o que Fernando? Fez alguma coisa pela minha mãe? Não, você não faz nada! Vê minha mãe chorando e não faz nada!
D: Quando eu cheguei, já tinha dado meu ponto de vista pra minha mãe, o meu conselho era o de conversar com a mulher, se não der certo falar com o gerente e por fim mandar tomar no cu ou se esquivar dela, sempre que estiver no mercado...
T: Fernando, desce (aqui em casa, o termo desce significa para ir para a casa de baixo, na qual fica o computador e os vídeo-games) e vai tomar no cu
D: Não, não vou. Vocês tão inferindo que a mulher tem que saber algo
S: Você acha que uma mulher de 40 anos
D: Interrompo aqui e digo, minha mãe me disse que ela não tem 40 anos
S: Ta bom, que seja, de 30 anos, não sabe que isto não se faz?
D: Pode ser. Existe esta possibilidade.
S: Ah, então eu vou ter que chegar la e falar "queridinha, não é para tratar as pessoas assim", tem que ensinar a mulher a fazer o trabalho dela?!
T: Fernando, desce e vai tomar no seu cu.
D: Olha, sou contra sair falando com o gerente da pessoa antes de tentar resolver com a própria pessoa. Estou apenas dando o benefício da dúvida a ela.

Nisso fui descendo.

Minha irmã começou a me xingar de uns 50 nomes diferentes, entre eles, de psicólogo de merda, que entende tão bem o comportamento dos outros que se perde ao tentar ajudar a própria família, e aqui, inseriu mais uns 50 xingamentos em voz alta, daqueles que a rua inteira ouve.

Portanto, razãoxemoção.

O meu racionalismo, no qual, sem se abalar diz à minha mãe, conversa com ela.

A explosão de emoção da minha irmã, no qual sai como um jato indo até o mercado para tirar satisfação com a atendente. Seguida pelo meu irmão mais velho (só pra afimar mais ainda, se meu irmão entrasse na equação caso tivessem a oportunidade de falar com a mulher, é melhor sair de baixo).

Obviamente a ovelha negra da casa sou eu, aquele que nada fez pela minha mãe e que “ficou do lado da atendente”. Totalmente mal interpretado.

Compararam a atendente com uns ladrões (sim, ladrões mesmo, comprovado e tals) maconheiros vizinhos meus. Minha irmã disse “É esse o tipo de gente que ela é”. Eu discordo.

Fecho aqui dizendo que dou o benefício da dúvida para ela não saber o quanto está machucando a minha mãe e mesmo que souber, dá-se a oportunidade da pessoa mudar conversando com ela.

Talvez eu seja muito idealista, achando que todos ouviriam como eu ouviria e parariam como eu pararia. De qualquer forma, sou contra a explosão de sair falando com o gerente que pode desembocar em uma mulher desempregada.

Sou a favor, inicialmente, da diplomacia, depois erguemos as armas, não o contrário.

Entendo perfeitamente que minha mãe, prefere o comportamento dos meus irmãos, claro, parece uma tropa criada para proteger a todo o momento. Mas não adentrarei isto, pois não faz valer.

E vocês, o que acham? Não se resguardem.

Behaviorista x Religioso

Começarei aqui, meus ataques à religião. Titio Dawkins me deu o aval.

Este primeiro ataque vai aos behavioristas religiosos (o que só de ler, já dói).

As pessoas acham que podem adentrar posições filosóficas e dar-lhes sentidos e significados como bem entendem, em alguns momentos, fica ainda pior, ora fazem parte de uma posição e ora de outra, parece até que estão pedindo um lanche no Burger King (lembram do “fazemos do seu jeito”?).

Dizer que é um behaviorista radical é aceitar uma posição filosófica que tem como uma das bases o darwinismo (evolução das espécies – sobrevivência do mais apto) e também, aceitar a visão do homem como um ser monista.

Aceitar o monismo, é aceitar que existe apenas um tipo de substância, dessa forma, desembocamos em dois resultados, o monismo idealista, do Bispo Berkeley, no qual diz que a única substância existente é a imaterial (com exceção do B. Berkeley, ninguém nunca levou o monismo idealista a sério); e o monismo materialista, no qual a única substância que existe é a matéria (quando eu disser monista, entendam este segundo)¹.

Dizer que sou monista, portanto, é acatar a posição de negar qualquer coisa (por menor que seja) que fuja do físico, que seja metafísico.

Aceitar a religião é aceitar um conjunto de crenças sobre as causas, natureza e/ou finalidade da vida e do universo, normalmente a criação é ação de um agente sobrenatural, sendo dessa forma considerado, santo, sagrado, divino ou espiritual. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida. Eles tendem a ditar um tipo de moralidade, ética e leis religiosas, proferindo formas de comportamento a seus adeptos ² e ³.

Portanto, aceitar religião é aceitar algo além do físico, aceitar o metafísico.

O que falta aqui, além de parar e racionalizar um pouco são sair de cima do muro e contestar a realidade tal como ela se apresenta. O assunto por ser tão delicado e por modificar todo o sistema de crença da pessoa, faz com que a mesma fique em cima do muro* ou monte um sistema pessoal* do por que ela crê em um agente metafísico e continua sendo behaviorista.

Digamos que eu compro um carro vermelho, eu não posso falar para uma pessoa que o carro é azul e esperar uma confirmação (sem complicar gente, a pessoa não é cega, não é daltônica e sabe a diferença entre vermelho e azul).

As pessoas acham que isto não acontece dentro das posições filosóficas, pois por serem estruturas, são moldáveis a gosto do freguês. Enganam-se, as posições filosóficas são estruturas já determinadas.

As pessoas que se dizem behavioristas religiosas (que são duas posições que se contradizem automaticamente) se sentem bem, parece que estão acima dos reles mortais, falando bonito, mal sabem o que estão falando.

Se fala sobre fé, não fale comigo sobre ser behaviorista, você não o é.

A sua posição é uma ou outra, não uma e outra. O que mais me aflige é quando ora se é um e ora se é outro.

A religião por ser diversas vezes um sistema com ética e moralidade implica em códigos e formas de comportamentos bastante específicos, tema este que será um próximo ataque.

Dawn, religião é uma coisa de cada um, adianta você ficar falando?

Adianta sim, e muito, primeiro pelo motivo do reforço de falar sobre isso é natural, me sinto melhor e segundo pois se ninguém falar nada, continuaremos nesta hereditariedade que é a religião. Alguém precisa se opor, por mais árduo que seja o caminho a ser trilhado e por mais odiado que você seja ao falar.

*comportamentos de fuga e esquiva.
1 - Báque, 2007.
2 - "religion". Dictionary.com Unabridged. Random House, Inc.

http://dictionary.reference.com/browse/religion.
3 - Encyclopedia Brittanica